A palavra “gordura” no mundo da alimentação não expressa simplesmente um conceito com suas articulações de natureza diferente, mas um mundo complexo que tem diferentes implicações entre eles. Muitos desses significados foram adquiridos ao longo do tempo, mudaram ou, em alguns casos, extinguiram-se tornando o panorama a eles associado extremamente dinâmico.
É, sem dúvida, uma palavra particular, caracterizada por elementos contrastantes, tanto quando falamos dela em referência ao passado, quanto em relação ao presente. Um conceito relacionado cultura medieval e seus objetivos, características, mas também desejos e aspirações.
Na realidade, se por “gordura” entendemos seu significado imediato, ela está presente na cultura humana há muito tempo; era, por exemplo, uma das partes destinadas a divindades durante o ritos de sacrifício.
As associações na Idade Média são mais complexas: era sobretudo um desejo, uma nomenclatura auspiciosa associada a desejos de felicidade, riqueza, fertilidade, enfim (em geral) bem-estar.
Mas esse termo também poderia ser associado ao nome de uma cidade se seus negócios fossem florescentes e, não menos importante, se fosse virtuoso, culto, dinâmico; é a denominação que durante séculos foi usada para Bolonha e que ainda hoje, depois de muito tempo, está inextricavelmente ligado a ela. Esse epíteto, porém, também estava associado a uma determinada classe social; um exemplo significativo é a rica burguesia mercantil florentina.
Mas o nosso protagonista foi também uma referência aos valores sociais que durante muito tempo tiveram uma certa construção: ser gordo de facto (como todos sabem) era uma manifestação de disponibilidade económica e, portanto, um sinal distintivo de um determinado nível social. Veja bem, não é um conceito distante da nossa cultura, o fascínio por carnes gordas e prósperas são aspectos cíclicos da história social; o fenômeno do “aumento” dos anos cinqüenta, do pós-guerra e da recuperação econômica em suma, são um exemplo. Neste último caso, especificamente, a principal função era a afirmação da conquista do tão almejado bem-estar econômico por um segmento mais amplo da população.
No entanto, este termo também indicava períodos do ano isentos da obrigação de abstinência de certos alimentos. A subdivisão em “períodos magros” e “períodos gordos” foi durante séculos particularmente importante na análise da vida e das escolhas alimentares diárias.
Mas o nosso protagonista também indicou o condimento em sentido estrito, cujas diferenças de uso foram determinadas por inúmeros fatores de natureza diversa: sobretudo religiosos, como mencionei no ponto anterior ou em referência ao uso de certas formas de gordura em relação a outras . por aqueles que, devido às suas escolhas de estilo de vida, seguiram uma dieta diferente do restante da população; o monaquismo é um exemplo disso. Outra variável é a geografia: as características de determinados territórios e suas atitudes ao longo do tempo tiveram um papel importante na prevalência de certos tipos de gordura sobre outros. Mesmo a classe social a que pertencem e, portanto, o poder aquisitivo, atuaram no uso de certas gorduras em relação a outras.
No entanto, também indicava um instrumento de conservação de alimentos ou envolvidos na sua transformação. Também neste caso, como no anterior, os usos foram funcionais a fatores de natureza diversa e não necessariamente ligados entre si.
Esse nosso protagonista também teve um uso pretendido que talvez nem todos saibam, o que chamo”gordura de oração“, ou usado nas liturgias, não apenas para fins de iluminação, mas, em um sentido mais profundo, para indicar a fé ou a presença de hóstias consagradas em uma igreja ou capela. este propósito.
Concluindo, hoje nosso protagonista tem um significado basicamente negativo devido àepidemia de obesidade que está afetando cada vez mais países, inclusive os em desenvolvimento, e que não se limita apenas aos adultos, mas também aos adolescentes e crianças. A prevenção, a informação, o combate à comercialização e ao consumo de determinados alimentos e bebidas são os aspetos cada vez mais associados a este termo que tem implicações nefastas não só para a saúde mundial mas também, inevitavelmente, para a economia.
Muitas vezes quando falamos sobre os aspectos da alimentação muitas vezes tendemos a banalizar, limitando-nos a “ouvir dizer”. Como quis demonstrar por meio deste estudo, porém, mesmo um único termo, que pode ser considerado simples ou até banal, possui vínculos extremamente profundos com a cultura humana e suas manifestações ao longo do tempo. Conhecê-los, aprofundá-los criticamente e documentá-los é de fundamental importância não só para aprender uma parte cultura alimentar humana mas, em geral, os vários aspectos da cultura e sua ligação com a alimentação. Do passado ao presente, para melhor orientarmo-nos no futuro e apreciar (mas sobretudo valorizar!) o nosso extraordinário património alimentar e cultural.