Conserva frutas ou vice-versa? A Cotognata.

Conserva frutas ou vice-versa?  A Cotognata.

marmelo é uma sobremesa que sem dúvida tem um sabor antigo e rústico, uma preparação aparentemente simples mas cheia de história. Concentrado de aromas, sabores e memórias, especialmente para quem, como eu, nasceu e cresceu no campo. Preparado em muitos territórios italianos e estrangeiros, é um tesouro de sabor e memória, com um aroma único, derivado de uma matéria-prima igualmente curiosa: Marmelo.

É sem dúvida um fruto particular que há muito caiu no esquecimento mas hoje, felizmente, é objeto de atenção de associações e entusiastas que há vários anos tentam fazer com que seja descoberto pelas novas gerações e, ao mesmo tempo, tempo, para lembrar aqueles que esqueceram sua existência. Geralmente está presente nos mercados entre outubro e novembro, já conhecido e consumido por civilizações antigas conforme documentado por inúmeros escritores. Originalmente deAsia menor, era uma espécie cultivada já há 4.000 anos pelos babilônios; uma fruta recomendada para curar muitas doenças. Com o passar do tempo, muitos remédios foram desenvolvidos tanto para o cuidado do corpo quanto para o bem-estar físico, mas também para decorar ou perfumar as casas; era, por exemplo, inserido em guarda-roupas e gavetas para dar seu aroma particular às roupas e linhos.

O marmelo também tinha símbolos precisos: uma fruta ligada à deusa Afrodite e, consequentemente, amar; Plutarcopor exemplo, ele escreveu que as mulheres o consumiam na noite de núpcias.

Como mencionado no início, a origem do marmelo é antiga e incerta, porém a primeira evidência escrita de sua existência está em um livro de receitas veneziano de Trezentos. Apesar disso, é um tipo de preparação comum em muitas áreas da Itália, de norte a sul, e faz parte do complexo sistema cultural em que os produtos da terra foram transformados em conservas, doces e salgados, para serem disponibilizados durante grande parte do ano. Devido ao uso do açúcar ou, em todo o caso, do adoçante e do fato de pertencer à categoria de preparações doces, o marmelo era muitas vezes uma iguaria cuja preparação estava ligada a eventos particulares ou comemorações territoriais. Um produto, porém, indubitavelmente ligado à tradição camponesa e, em particular, à sua capacidade de saber transformar os recursos do território em possibilidade de alimentação e, como neste caso, festa e prazer.

Note-se, no entanto, que alguns historiadores associam a origem desta preparação a um país, o Espanhacomo uma doce elaboração da cozinha sefardita, ou seja, aquela pertencente às comunidades judaicas que viveram na Península Ibérica até à sua expulsão de Espanha e Portugal ocorrida na sequência do Édito de Granada, emitido a 31 de Março de 1492 pelos reis de Espanha Isabel de Castela e Fernando II de Aragão.

Em Itália esta iguaria é degustada basicamente como sobremesa, mas noutros países também é combinada com queijos e carnes gordas ou caça porque o seu sabor e doçura contrastam com a sapidez de determinados produtos lácteos ou o sabor intenso da caça. Uma prática medieval que chegou até nós e é o documento dos gostos de uma época.

O marmelo e a mostarda de uva e o marmelo são incluídos pela região de Puglia na lista de “Produtos Agroalimentares Tradicionais”. Um alimento particular, portanto, não conhecido ou apreciado por todos, mas que, sem dúvida, deve ser descoberto e estudado para fazê-lo emergir da neblina do passado e permitir o conhecimento de um mundo, o mundo agrícola dos séculos passados, que, afinal, não está tão longe de nós e para muitos é uma fonte de memórias, mas também de esperança para um novo futuro.

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