A arte do azeite.
EU’azeite é um produto que, como pude documentar em numerosos estudos anteriores, está profundamente Mediterrâneo e às terras que a dominam com as inúmeras culturas e populações que se sucederam ao longo dos séculos. Esse vínculo profundo influenciou inevitavelmente os vários aspectos da vida e da cultura; a arte é um dos exemplos mais significativos. Nela nosso protagonista não está presente de maneira uniforme, mas extremamente variado também (e sobretudo) graças à heterogeneidade que o caracteriza e que faz parte dos diferentes aspectos que o compõem. O tempo, as diferentes culturas e religiões, mas também a geografia, enriqueceram muito tudo isso com significados às vezes até contrastantes; especialmente na arte.
Símbolos artísticos de um produto.
O próprio ato de produzir petróleo é uma arte que cada território e cultura desenvolveram com características próprias, entendendo sua importância na economia, mas também nos sistemas alimentares, principalmente nos locais adequados a essa produção. Em outros, porém, era um bem precioso, destinado a ocasiões especiais.
Também deve ser reconhecido que a própria planta, a oliveira, é real escultura natural vivaum ser sinuoso e longevo que sempre fascinou os artistas que o incluíram em suas obras como símbolo de virtude, apego à terra e aspirações.
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(Vincent van Gogh, 1889, Zurique, coleção particular) |
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(Andrea Solari, Maria Maddalena, Walters Art Museum, Baltimore, Estados Unidos) |
A arte documentou então, como referi no início deste estudo, a presença da oliveira nos territórios e, consequentemente, os trabalhos que lhe estão associados: poda, apanha da azeitona mas também a festas de petróleo novo celebrada ao ar livre, enfim, tem exaltado a vida humana que se entrelaça ao longo do tempo com esta planta e o produto dela derivado.
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(Osias Beert, Natureza morta com morangos, cerejas e azeitonas, 1608, Gemaldegalerie, Berlim) |
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(Jean-Baptiste-Siméon Chardin, Natureza morta com pote de azeitonas, 1760, Louvre, Paris) |
Por fim, a presença que desejo mencionar através das duas últimas obras que incluí é a que naturezas mortas. Nesta grande veia da arte, o azeite e a azeitona são muitas vezes alimentos do quotidiano, sinónimo do quotidiano e da vida rural. No último trabalho ao lado do paté terrine, prato simbólico da cozinha francesa, estão o vinho tinto, a fruta, a requintada manteigueira de porcelana, mas também o frasco com azeitonas conservadas em salmoura, alimento de referência à terra mas sobretudo ao simbolismo da comida mediterrânea retratada.
Valores simbólicos, sociais e culturais que atestam como o mundo do azeite está fortemente ligado ao homem e à sua história ao longo dos séculos mas também expressão de territórios e manifestações humanas culturais, sociais e religiosas.